sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Damas da Noite



- AAHH !
Foi o grito estridente que pude soltar , enquanto sentia uma dor quase alucinante !
Sou Carla , 23 anos . Estava voltando da faculdade , era mais ou menos umas 10hs , dentro do meu carro eu escutava Ozzy Osbourne . Queria muito chegar em casa , havia tido um dia cheio e estava cansada . Mas não tão cansada a ponto de dormir no volante ou de começar a ter alucinações .
Porém era isso o que eu pensava antes das coisas saírem de controle naquela noite . Enquanto eu corria pela auto-estrada , estava um pouco acima da velocidade permitida , os faróis do meu carro avistaram algo ou alguém andando lentamente até a frente do carro .Bruscamente , pisei no freio . Em uma piscada seja lé o que estava ali , à alguns segundos , já não estava mais . Tirei o sinto de segurança , abri a porta , e sai do carro . Bati a porta e fui andando lentamente até a porta do carro .
Enquanto eu fazia esse percurso , pude notar que eu tremia , não sei por medo ou por frio , estava apavorada . Quando cheguei la na frente , só havia eu ali . Uma sensação estranha passou por mim , e eu quis sair dali o mais rápido possível . Então fui correndo até a porta do motorista . Queria abrir a porta , mas não conseguia , alguma força , sobrenatural , ou sei lá , havia trancado-á .
Agora eu tremia , não só por medo , mas também por frio , não havia percebido até aquele momento , quanto ventava ali fora . Eu trancada do lado de fora do carro , com uma blusa regata preta , uma calça jeans rasgada nos joelhos e meu all-star surrado . Forcei a porta algumas vezes até percebe que , havia alguém atrás de mim .
O pavor tomou conta do meu corpo , mal conseguia me mexer . Me virei lentamente e , pude ver na escuridão , do outro lado da pista . Havia uma pessoa , não uma pessoa qualquer . Uma mulher , a mulher mais linda que eu já havia visto .
Enquanto ela vinha ao meu encontro . Pude notar que ela era pálida , seu cabelo longo ondulado e de um branco acinzentado , dançava em torno de seus ombros , ela usava um sobretudo negro , que se destacava em relação a sua pele branca , um corpete vermelho vinho , uma calça jeans clara meio desbotada , bem justa , realçando suas pernas e uma bota negra de bico fino , e que chegava até os joelhos .
Quando ela se aproximou de mim , fez grudar minhas costas no carro . E fiquei ali parada sem me mexer , entre ela e o carro . Parecia que meu corpo começava a esquentar .
Ela me observava com muito cuidado . Após algum tempo , consegui encontrar forças para erguer minha cabeça e ver que seus olhos chegavam a ser de um azul tão claro que , eram quase transparentes . Mas eles eram lindos e tinham um brilho espectral .
Eu queria beija-lá , não era como quando eu havia ficado com outras meninas ou meninos , era diferente , de uma forma bem estranha , esse desejo me veio a cabeça . E como se ela tivesse lido ou escutado o que eu havia pensado , ela levantou seu braços , os colocou uma de cada lado da minha cabeça , abaixou , e quando nossos lábios estavam bem próximos , ela deu um sorriso e , com esse sorriso me beijou .
Ela me beijava com uma grande desejo , um desejo quase sobrenatural . Podia até , sentir um fogo , uma eletricidade passando do meu corpo , para o corpo dela .Ela parou , acho que para tomar fôlego , eu também precisava , estava até arquejante . Ela me ergueu pela cintura , e a envolvi com minhas pernas , passei meus braços envolta de seu pescoço . Já não tinha mais medo , era apenas desejo .
Ela voltou a me beijar . Mas agora ela desceu até o meu pescoço . Nesse momento senti uma dor . Gritei :
- AAHH !
Depois de um tempo era bom . Eu pressionava masi contra meu corpo . Já não lembrava de mais nada , eu queria sumir , esse era meu desejo agora . E eu fui , fui sumindo aos poucos , perdendo a consciência do que acontecia . Eu desmaiei , ou dormi , ou morri .

* * *

Eu respirei fundo , estava me sentindo tão bem . 
Comecei a abrir meus olhos e vi que , as luzes do quarto estavam acesas . Isso me incomodou um pouco , mas depois de uns segundos me acostumei . Esticando-me , enquanto me virava para olhar o teto , notei que a cama era enorme e macia . 
A coberta era de um branco reluzente com uns bordados dourados . Comecei a sentar lentamente , vi que minhas roupas eram diferentes , eu agora vestia uma camisola de seda preta e meus cabelos estavam soltos , caindo em torno dos meus ombros . 
Comecei a me levantar e fui andar pelo quarto . O quarto era enorme , e logo vi que era um quarto de casal . A cama ficava no centro de uma parede , onde de cada lado havia um criado mudo com um abajur cada . Fui andando até a parede do lado esquerdo e vi duas portas de vidro bem grande , as cortinas escuras estavam abertas . Era noite . Abri uma , das duas portas que havia , e pude sentir uma leve brisa em torno de mim. Não senti frio nenhum . Havia uma sacada interligada , com cada porta de vidro e percebi que estava em uma grande mansão , cercada por uma floresta . Fechei a porta e voltei para o quarto . Na parede do fundo , havia um grande guarda-roupa , havia uma porta que , creio eu , dava para o interior da casa .
Enquanto voltava para cama , alguém começou a andar pelo corredor e parou bem na frente da porta do quarto onde eu estava . Comecei a atravessar o quarto , até chegar na cama . Parei , bem perto da cama , porque senti uma presença familiar , mas já não era mais assustadora :
- Ah ! Você acordou - falou a mulher .
A voz dela era doce , aveludada .
- Não me apresentei , antes - ela estava cuidadosa , com cada palavra - Me chamo , Katharinna . E você ?
Demorei algum tempo para conseguir me virar e encara-lá . Mas o fiz , e desde o momento em que ela entrou no quarto , eu sabia quem era :
- Sou , Carla .
Era ela , e eu estava em seu quarto .
- Vejo que , você já conheceu o quarto , né ? - perguntou Katharinna .
Mas eu queria respostas da parte dela :
- Por que - minha voz falhou - estou aqui ?
- Tive que te trazer . Depois do que houve - ela estava se aproximando lentamente .
- Não , não se aproxime mais !
Ela parou , e começou a me observar com cautela :
- O que eu estou fazendo aqui ?
- Você , desmaiou . Mas , sinceramente , achei que você iria morrer - ela riu sem humor .
Com isso eu cambaleei , e me sentei na cama . Num piscar de olhos ela já estava ao meu lado .
- Carla , você não parece nada bem .
- Como . .. - comecei a gaguejar - você veio parar aqui , tão rápido ?
- Carla , temos que conversar - falou ela cautelosa - Há dois dias atrás . ..
- Dois dias atrás ? Como assim ?
- Bem . .. - ela começou a olhar , fixamente , o chão . - Você está desacordada desde . . aquela noite . Já havia perdido as esperanças . ..
- Você está me assustando !- tentei encontrar as palavras certas - O que você fez comigo ?
Novamente , começou a olhar , fixamente o chão . Acho que ela estava encontrando uma maneira de de me dizer o que estava acontecendo :
- Eu venho vigiando você a quase uns dois meses . ..
- Mas como . .. - minhas palavras ficaram no ar .
- Deixa eu falar tudo , depois você diz o que quiser .
Fiz que sim com a cabeça e , ela continuou :
- Como disse antes . Eu já te vigiava , há mais de um mês . .. - ela respirou fundo - Porque eu precisava de você , tinha que me aproximar , te conhecer , tudo isso porque eu já te amava . Mas não conseguia me aproximar , você vivia rodeada de pessoas e , estava sempre com o seu namorado . Isso dificultava as coisas - ela fez uma pausa - Então encontrei uma brecha para me aproximar de você . E o fiz , naquela noite . E não arrependo . Mas - outra pausa - não podia te deixar como humana , era perigoso e , não podia arriscar .
Ela fez uma pausa tão longa que , achei que não fosse continuar .
- Eu te transformei em uma . .. vampira !
Eu não acreditava nela , queria sair de perto dela . Era maluca , doida e louca . Queria sair dali , o mais rápido possível . Comecei a me afastar .
Mas ela segurou meu puço , parecia que não ia soltar . Porém , num rápido movimento , não sei como fiz e de onde arranjei força , consegui joga-lá na cama , subir em cima dela e segurar seus braços , um de cada lado da cabeça dela . E depois , comecei a rosnar , mostrar meus dentes para ela :
- Agora você , acredita em mim ? - perguntou , Katharinna .
Eu estava apavorada , deslumbrada , indecisa , angustiada . E todo mais que eu poderia sentir . Mas eu queria me afastar dela . E o fiz , em um salto , parei bem distante da cama :
- Saia ! - eu disse - Preciso ficar sozinha !
- O.K. ! Estaremos te esperando lá em baixo - e olhando para meu rosto incrédulo - Não achou que seriamos as únicas nessa mansão , achou ?
Ela foi andando até a porta , deu mais uma olhada , e saiu .
Minha cabeça girava . Informação demais para uma única noite . Fui meio cambaleante para cama , e comecei a me rastejar até o travesseiro . Peguei a coberta e , me cobri até a cabeça .
Era um sonho , muito real e estranho , mas tinha que ser um sonho . Depois de me beliscar , mais vezes do que posso me lembrar , senti uma sede inacreditável e insaciável .
Nesse momento , alguém estava batendo na porta :
- Olá ! - era uma mulher - Espero que esteja com sede .
De súbito eu tirei a coberta da minha cabeça e me sentei na cama . Essa mulher , assim como Katharinna , era linda . Cabelos ruivos cachiados , pele branca , os olhos tinham uma tonalidade vinho , mas só realçavam sua beleza . Ela usava um vestido justo acima do joelho , com uma bota preta .
Veio andando até o criado mudo da cama , onde eu estava . Ela tinha uma bandeja e , acima da bandeja , havia uma jarra transparente e uma taça .
Nessa jarra tinha um líquido bem vermelho e , de um cheiro muito bom :
Colocou a jarra em cima do móvel , pegou a taça e colocou um pouco desse líquido e , me serviu . Enquanto eu bebia , ela começou a falar :
- Bem , sou Victória , e você .. . é Carla , correto ?
Afirmei com cabeça . Em menos de segundos eu havia terminado de beber o líquido da minha taça . Ela notou e , perguntou :
- Quer mais ?
- Por favor - estava quase sussurrando .
Enquanto enchia minha taça , ela continuou a falar . A voz dela era doce e aveludada , mas ela era muito brincalhona e alegre , ao contrário de Katharinna que , aparentava ser mais séria . Algumas vezes pude rir com ela , outras eu ficava só escutando , que era maioria das vezes . E quando percebi , já havia me familiarizado com ela , e também , percebi que , havia bebido tudo da jarra .
- Nossa , nem vi , você bebeu todo sangue que te trouxe ! - falou Victória .
Levei um xoque , ao perceber o que era . Deixei a taça cair da minha mão , na coberta . E encolhi minha pernas até , a altura do queixo e , as abracei .
- Oh! - ela começou a me consolar - Não fique assim , todas nós passamos por isso . É difícil aceitar no começo , mas depois , compreendemos que é a mais pura verdade . - ela fez uma pausa - E . .. Katharinna está tão feliz de ter te encontrado , ela não para de falar de você . De como você ficou linda etc . - pausa - Sabe você fez com que ela voltasse a viver .
Ela começou a sair , mas fui mais rápida e, perguntei :
- Katharinna , está lá embaixo ?
Deu leve sorriso e respondeu :
- Paciente e calma , sempre te esperando .
E com isso ela foi embora .
Bem , demorei alguns segundos para organizar minha ideias , mas a resposta era clara : "Eu ia descer e falar com ela"
Sai da cama e , fui até o guarda-roupa , era maior por dentro do que por fora . Peguei uma calça clara rasgada nos joelhos , um corpete verde , bem escuro , uma jaqueta de couro preta e uma bota de cano curto e de salto . Depois de pronta , fui até o espelho que ficava na porta , na parte de dentro , do guarda-roupa e , me olhei pela primeira vez . Pode-se dizer que fiquei abismada com o que vi .
Eu estava linda , pálida , meus olhos eram de um verde água e meu cabelo longo negro e liso , estava sedoso e brilhoso . Eu estava bem até demais .
Após um minuto mais ou menos , eu resolvi sair do quarto . Comecei a andar pelo corredor claro . Observando que as paredes eram de um tom salmom , bem claro , havia algumas mesas com vasos de flores . Alguns quadros e espelhos nas paredes . E várias portas , que deviam dar pera outros quartos e , que no momento , não me interessavam descobrir . A única coisa que eu queria no momento era , Katharinna .
Andei mais rápido e , logo cheguei ao fim do corredor . O centro da casa era enorme . Estava ocupada com alguns sofás e mesas com cadeiras . Havia uma escada central , muito grande , lá na frente da escada pude ver uma lareira , com alguns objetos em cima .
Havia um grande murmúrio lá embaixo . E todo esse falatório era só de mulheres , tinha pelo menos umas trinta mulheres lá embaixo , andando de um lado para o outro , conversando e rindo . E eram só mulheres , de todos os tipos , negras , brancas , pardas e morenas .
E de súbito , todo aquele falatório parou , e Katharinna já estava lá em baixo , olhando para mim , aos pés da escada . Comecei a descer devagar , me aproximando mais e mais , até ficar bem próximo dela .
E quando estava no último degrau , eu parei . Olhava , fixamente , cada detalhe do seu rosto , já o envolvendo com minhas mãos . E a beijei . Ela me apertou contra seu corpo e retribuiu o beijo .
Depois , escutou-se gritos de felicidade , vindos de toda parte . Ela parou de me beijar e , me abraçou . Victória foi para onde estávamos e, gritou para o grupo de mulheres :
- Está na hora de comemorar a chagada de mais uma irmã ! - ouve uma pausa - Caçar ! Vamos caçar , irmãs ! - e todas gritaram de alegria .
Começaram a andar até a porta de entrada da casa . Victória , vendo que Katharinna e eu não nos mexemos , falou :
- Você duas , também podem ir !
Katarinna fez uma careta e , sussurrou no meu ouvido :
- Teremos uma eternidade , para ficarmos a sós !
Isso me deixou feliz . Saímos e fomos nos juntar ao grupo , lá fora .
Fora da casa era possível ter uma visão ampla de quantas mulheres , mais ou menos , viviam ali . E com certeza ultrapassava os trinta . O mais incrível foi , quando todas ao mesmo tempo , se transformaram em morcegos . Katharinna olhou para meu rosto , deslumbrado com o acontecido e , perguntou ?
- Pronta ?
- Sempre !
E logo , eu e Katharinna , nos juntamos ao grupo de morcegos e , saímos noite afora , em busca de nosso alimento favorito . Sangue de homens .

Fim 


Autor(a): Karolini

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